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quarta-feira, 2 de maio de 2012

DEUS NA CULTURA YURUBÁ



Os Yorùbás, população aproximada em 40 milhões, ocupam o sudoeste da Nigéria. É um dos maiores grupos étnicos daquele país, dotado de uma rica cultura e, de várias maneiras, uma das populações mais interessantes da África. Sua tradição lhes dá um lugar único entre as sociedades africanas. Têm contribuído pelo estabelecimento das culturas do Caribe e da América do Sul, particularmente Cuba e Brasil, locais onde a religião Yorùbá é praticada. Na Nigéria os Yorùbá são um dos três maiores grupos étnicos. Segundo Ìdòwú (1962) “os Yorùbás compreendem vários clãs que se aproximam pela língua, tradições, crenças religiosas e práticas” (p.4).
O propósito deste paper é descrever o conceito monoteísta de Deus entre os Yorùbá e suas divindades (Òrìṣà) de apoio. É nossa convicção que qualquer tentativa de construir uma teoria que descreva o conceito de Deus entre os Yorùbá não nos dará um quadro verdadeiro; portanto, este trabalho discutirá os pontos de vista de alguns estudiosos, seguindo por descrições dos atributos do Ser Supremo, concluindo com uma discussão de Olódùmarè como um Deus monoteísta, comparável com o conceito judaico-cristão.
Uma certeza sobre os Yorùbá é o fato de que é muito difícil encontrarmos um Yorùbá que não creia no Ser Supremo. Se existe tal pessoa, ele ou ela deve ter sido exposto/a a influências não-africanas. Os Yorùbá crêem no Ser Supremo, que é responsável pela criação e manutenção do Universo (Awólàlú 1979).
Baudin, Sacerdote católico de descendência francesa, escreveu sobre o Deus Yorùbá nestas palavras:
os negros não possuem estátuas ou símbolos que representem Deus. Consideram-nO como Ser Supremo Primordial, criador e pai das divindades e seres espirituais. Ao mesmo tempo, crêem que este Deus, após iniciar a organização do mundo, encarregou Ọbàtálá de concluí-lo e governá-lo, então Ele se retirou para descansar e desfrutar de Sua felicidade (Awólàlú 1979, P. 4).

Baudin está absolutamente correto ao dizer “os negros não possuem estátuas do Ser Supremo" (Awólàlú 1979). A razão é que Deus “é demasiadamente grande e impressionante para ser retratado ou ter uma forma concreta" (P. 4). Ele está em todo lugar e Ele é o Ser Supremo. O que é preocupante na análise de Boudin é que isso parece implicar que o Ocidente tem uma clara compreensão do conceito de Deus na cultura Yorùbá. Este não é o caso como anota Ìdòwú (1962): “... os autores desse conceito erraram; eles erraram dessa maneira porque ignoraram aquilo que constitui o verdadeiro núcleo da religião que se esforçam em estudar” (p.44).
Ìdòwú (1975) aponta que o Ocidente não tem uma clara apreensão do conceito de Deus. O conceito de Deus não é um monopólio da sociedade ocidental tradicional. Examinando-se minuciosamente a declaração de Boudin, observa-se que ele não aprecia a idéia fundamental de Deus como é concebida pelos Yorùbá, especialmente no que diz respeito à criação. O mais preocupante é sua insinuação racial e sua atitude condescendente com os Yorùbá.
Outro erudito francês, Bouche (Awólàlú 1979), diz:
O homem Yorùbá pensa que Deus é demasiado grande para tratar diretamente com Ele, e Ele delegou os cuidados dos negros aos Òrìṣà. Senhor do Céu, Deus desfruta da abundância e do descanso, guardando Seu favor para o homem branco. Que o homem branco reza a Deus é natural. Quanto as negros, eles devem sacrifícios; suas oferendas e orações são somente para os Òrìṣà... (P. 4)

As observações de Bouche demonstram sua carência de compreensão das crenças e simbolismo da cultura Yorùbá e suas relações com as práticas religiosas. O etnocentrismo de Bouche resulta em uma interpretação baseada na “opinião pessoal [que] é inspirada pelo orgulho racial e pela cegueira” (Awólàlú 1979 p.5). Se Bouche houvesse sido mais sensível culturalmente em seus estudos das crenças Yorùbá, saberia que os Yorùbá crêem que todos os seres humanos são criados iguais por Deus e são, de fato, todos da raça humana. Ademais, observamos que Bouche não entendeu a relação entre o Ser Supremo e as divindades (Òrìṣà) (Awólàlú 1979).
No século XIX, um oficial britânico, chamado A. B. Ellis, afirmou:
Ọlọ́run é o deus do céu dos Yorùbá, quer dizer, Ele é o firmamento deificado, o céu personificado... Ele é meramente um deus-naturado, a personificação divina do céu, ele controla somente os fenômenos conectados, na mente nativa, como o “telhado” do mundo. Posto que Ele é demasiado preguiçoso ou completamente indiferente para exercer o controle sobre os assuntos terrenos; o homem, por sua vez, não perde tempo em esforçar-se para propiciar-lhe algo, mas reserva sua adoração e sacrifícios para agentes mais ativos. De fato, cada deus, Ọlọ́run inclusive, tem, por assim dizer, seus próprios deveres [...] ele não pode violar os direitos de outros (P. 5)

Novamente, percebe-se o etnocentrismo dos eruditos ocidentais. Na observação anterior, a primeira, Ellis mostra sua falta de entendimento sobre Ọlọ́run, associando-O a um “deus naturado”. Em seguida, Ellis mescla Ọlọ́run con Elédàá. O que Ellis diz está longe da verdade (Awólàlú, 1979; Ìdòwú, 1975) quando afirma que Elédàá e Ọlọ́run significam duas coisas diferentes.
Ọlọ́run, na terminologia Yorùbá, se refere ao Ser Supremo e Elédàá se refere a Aquele que controla a chuva, enquanto Olódùmarè é o Recompletador dos riachos. Atualmente, esses termos (Ọlọ́run, Olódùmarè, e Elédàá) são intercambiáveis para o mesmo Deus, Ọlọ́run.
Elédàá, na língua Yorùbá, significa aquele que cria e Olódùmarè significa o Todo Poderoso, o Ser Supremo. O erro de Ellis é que ele coloca Ọlọ́run num mesmo patamar com as divindades, quando diz: “Ọlọ́run não pode violar os direitos dos outros" (Awólàlú, 1979, p.5). Ellis indica que Ọlọ́run não é, de maneira alguma, superior às divindades. Isto é falso (Ibid). Os Yorùbá crêem que os Òrìṣà não podem existir independentes do Ser Supremo. Os Yorùbá vêem as divindades como “seres espirituais e intermediários entre o homem o Ser Supremo”. Pode-se compará-los aos anjos de Deus, que são os intermediários do Ser Supremo, de acordo com os conceitos cristãos. Ellis demonstra, claramente, sua ignorância quando ele aponta que a adoração é feita inteiramente aos agentes que seriam mais ativos que Ọlọ́run. Seus comentários refletem outras inadequações quando diz que o Ser Supremo é muito preguiçoso, distante e indiferente.
Em resposta aos erros de Ellis, Fádípè (Awólàlú, 1979) diz:
Nenhuma outra observação poderia apontar o quão Ellis é ignorante sobre a rotina diária dos Yorùbá. Apesar de Ọlọ́run ser uma concepção distante para o povo, o Yorùbá mediano usa o nome freqüentemente em provérbios, orações e desejos, promessas, no planejamento do futuro, em tentativa de se livrar de acusações, para lembrar seu oponente do dever de falar a verdade em nome dEle etc. De fato, para todos os fins, é muito natural invocar o nome de Ọlọ́run que o de qualquer outro Òrìṣà. (p.6).

Fádípè aclara os erros de Ellis e exibe o impacto de Ọlọ́run sobre os Yorùbá.
S.S. Farrow apóia Fádípè e vai mais longe, afirmando que “encontramos entre os Yorùbá… uma crença em um Ser chamado Ọlọ́run, cuja posição é única em vários aspectos... Esta idéia não advém dos muçulmanos ou cristãos" (P. 34). O problema com Farrow, honestamente, encontra-se no seu entendimento do conceito de Ọlọ́run, especificamente na frase “um Ser chamado Ọlọ́run” (Lucas 1948). Ele parece sugerir que o Deus concebido pelos Yorùbá é diferente do Deus Supremo, que é o Criador de toda a terra (Lucas 1948; Awólàlú 1979).

A melhor investigação acadêmica sobre o conceito do Ser Supremo entre os Yorùbá vem de E. B. Ìdòwú. Em seu livro, intitulado Olódùmarè – God in Yorùbá belief, Ìdòwú afirma que “Olódùmarè é o nome tradicional do Ser Supremo e que Ọlọ́run, embora comumente usado na linguagem popular, acabou se tornando proeminente em conseqüência do impacto do cristianismo e do islamismo sobre os Yorùbás." (Awólàlú, 1979).


Nomeando Deus: Terminologia Yorùbá e suas definições

Nossa revisão das opiniões dos estudiosos acerca do conceito de Deus foi uma tentativa de identificar importantes erros em suas assertivas acadêmicas. Infelizmente a maior parte dos estudiosos citados demonstra, em suas análises, uma carência de senso cultural para aqueles que lhes são diferentes. Para alcançar um acurado olhar do conceito Yorùbá do Ser Supremo, é importante examinarmos os nomes e significados que são associados a Ele. Deve ser enfatizado que os Yorùbá, alternativamente, usam os termos listado abaixo para descrever o Deus Supremo, que são conhecidos como “oriki”, traduzido livremente como “apelidos”.
Segundo Ìdòwú, o Ser Supremo é
“reconhecido por todas as divindades como o Líder a quem pertence toda autoridade e a quem é devido lealdade. Ele não é ninguém entre muitos. Seu estado de supremacia é absoluta... Na adoração, os Yorùbá O têm como última instância, considerando-O o primeiro e o último de cada día. Ele é o proeminente” (Ibid, p.53).

Esses nomes e suas definições estão abaixo (ver Bascom):

Olódùmarè: O conceito denota aquele que tem a plenitude ou grandeza superlativa, a majestade eterna sobre tudo aquilo do qual o homem possa depender;

Ọlọ́run: literalmente o dono do Céu. O dono do céu ou senhor do lugar que está acima. Às vezes os Yorùbá usam Ọlọ́run Olódùmarè juntos. Esta dupla palavra significa o supremo cujo domicílio está no céu.

Elédàá: O criador. Como o nome sugere o Supremo. É responsável por toda a criação.

Àláàyé: A palavra significa o vivo. Isso significa que o Yorùbá crê que Deus é eterno.

Ẹlẹmìí: Encarregado da vida, Senhor do sopro vital. Usado para se referir ao Ser Supremo, sugere que todos os seres vivos devem sua respiração ao Supremo. Os Yorùbá crêem que ao ser retirada a “respiração vital” pelo doador da respiração a alma também é retirada.

Olojò Oni: Significa o dono ou o regulador deste dia ou dos sucessivos dias. Para chamar o Ser Supremo de Olojò Oni depreende-se que todos os homens e mulheres dependem totalmente do Ser Supremo.
Atributos do Ser Supremo

Para reforçar melhor a compreensão da crença Yorùbá, é necessário explorar as características de Olódùmarè que O diferenciam de todas as outras coisas que Ele criou. Ele é o Criador. Entre os Yorùbá, o mito da Criação sustenta que no princípio o mundo era um pântano, um deserto aquoso. Olódùmarè e algumas divindades viviam no céu, descendendo e ascendendo através de teias de aranha ou de correntes. Eles freqüentemente visitavam a terra, especialmente para caçar. A humanidade ainda não existia, pois não havia terra (Parrinder 1986)
Um dia, Olódùmarè convocou Seu Comandante-em-chefe, Òrìṣà-ṇlá (Ọbàtálá), a Sua presença e lhe disse que Ele (Olódùmarè) queria criar a terra firme e que Òrìṣà-ṇlá seria responsável por isso. Como materiais Olódùmarè lhe deu terra fofa, uma casca de caracol, um pombo e uma galinha. Òrìṣà-ṇlá desceu à terra pantanosa. Ele lançou a terra da casca do caracol, colocando o pombo e a galinha sobre a terra e eles começaram a ciscar e a dispersar a terra ao seu redor. Òrìṣà-ṇlá reportou-se a Olódùmarè dizendo-lhe que o trabalho havia terminado. Olódùmarè, então, enviou um camaleão para examinar o trabalho. O camaleão voltou e disse a Olódùmarè que o trabalho estava feito, mas a terra não estava seca o bastante. O camaleão foi enviado uma segunda vez. Desta feita relatou que a terra era grande e seca.
Olódùmarè orientou novamente a Òrìṣà-ṇlá, o Chefe das divindades, a equipar a terra. Òrìṣà-ṇlá tomou para si Òrúnmìlà, a divindade do oráculo, como seu conselheiro e orientador. A missão era plantar árvores e dar alimentos e riquezas aos seres humanos. Ele providenciou a palmeira (Igi ọ̀pe) que ao ser plantada proporcionaria alimento, bebida, azeite e folhas para abrigo.
Após equipar a terra, Òrìṣà-ṇlá pediu para liderar uma delegação de dezesseis pessoas já criadas por Olódùmarè. Para povoar a terra, Olódùmarè pediu a Òrìṣà-ṇlá que moldasse formas humanas. Òrìṣà-ṇlá moldou formas humanas e as guardou sem vida, ainda. Ocasionalmente, Olódùmarè viria e sopraria a vida nestas formas. Tudo o que Òrìṣà-ṇlá poderia fazer era modelar as formas humanas, mas lhe faltava o poder de lhes dar vida. A crição da vida era confiada, unicamente, ao Deus Supremo, Olódùmarè. Diz-se que Òrìṣà-ṇlá chegou a ficar com inveja de Olódùmarè por não compartilhar a capacidade para criar vida com Ele. Então, um dia, quando ele havia terminado de moldar formas humanas, ele se escondeu, próximo às formas moldadas, durante a noite, de modo que pudesse ver Olódùmarè. Mas, Olódùmarè, sendo Onisciente, colocou Òrìṣà-ṇlá para dormir, e quando este acordou, as formas humana moldadas haviam vindo à vida (Parrinder 1967). Esta é a história da criação contada pelos Yorùbá.

· Ele é único. Os Yorùbá crêem que Olódùmarè é único. Isso significa que Ele é único; não há nada como Ele. Esta crença em sua unicidade previne as pessoas de criar imagens gravadas ou pinturas ilustrativas d’Ele. Há símbolos ou emblemas, mas nenhuma imagem que possa ser comparada a Ele. Talvez, essa seja a razão pela qual os observadores estrangeiros da religião Yorùbá, afirmem, equivocadamente, que Olódùmarè é um Deus distante e sobre quem os homens são incertos.

· Ele é Onipotente. Como Onipotente o Yorùbá crê que para Olódùmarè nada é impossível. Descrevem-no como “Ọba a ṣè kan ma kú” (o Rei cujos trabalhos são feitos com perfeição). As coisas que ele aprova são bem sucedidas, mas as que não recebem sua bênção tornam-se difíceis ou impossíveis. Os Yorùbá cantam: "A dùn íṣẹ bi ohun tí Olódùmarè l'ọwọ sí. A ṣòrò íṣẹ bi ohun tí Òlodumarè kò l'ọwọ sí" (Fácil de fazer como aquilo que recebe a aprovação do criador; difícil como aquilo que o criador não aprova). Por esse motivo chamam-no também de Ọlọ́run Alágbára (Deus poderoso), Ọba ti dandan rẹ ki Ìsẹ̀lẹ̀ (rei cujas ordens nunca deixam de ser cumpridas).

· Ele é Imortal. Olódùmarè nunca morre. Os Yorùbá crêem que é inimaginável para o Elémi (o Dono da Vida) morrer. Eles o louvam cantando “A ki igbo iku Olódùmarè” (Nunca se ouvirá sobre a morte de Olódùmarè).

· Ele é Onisciente. Olódùmarè sabe tudo. Nada Lhe é ocultado. Ele é o Sábio. Tudo está ao alcance de Olódùmarè. O Seu conhecimento penetra todas as coisas (Mbiti, 1975). Os Yorùbá descrevem-nO “A rínú rode Olúmọ ọkàn” (Aquele que vê o exterior e o interior do coração).

· Ele é rei e juiz. Os Yorùbá vêem Olódùmarè na importante posição de Rei. Eles o chamam de “Ọba Òrun” (Rei do Céu). Referem-se, às vezes, a Ele como “Ọba a dáké dájọ̀" (O Rei que se senta em silêncio e distribui justiça).

Ọlọ́run, conhecido como Olódùmarè, é o Senhor do Céu, conceito reminiscente do Deus judaico-cristão ou do Allah dos muçulmanos. O Senhor do Céu é o criador de todas as coisas e de outros Òrìṣà, e parecido com o Nyame dos Ashanti e de outras culturas da África Ocidental. Ele está acima e além de outros semi-deuses. Ao contrário de outros Òrìṣà, Olódùmarè não possui templos; no entanto, orações Lhe são dirigidas, mas não Lhe são oferecidos sacrifícios. Não somente Olódùmarè cria, mas sustenta e protege os homens; Ele também protege as pessoas de maquinações de outros homens. Não obstante, Olódùmarè não está distante e nem desligado para que não intervenha nos assuntos terrenos. A maioria dos sacrifícios prescritos pelo Bàbáláwo, Sacerdote de Ọ̀rúnmìlà, são levados a Ọlọ́run por Èṣù. De acordo com os Yorùbá todas as pessoas são crianças de Deus. Como deidade a quem se atribui o controle do destino da humanidade, Ọlọ́run pode ser considerado como Deus do destino. O que devemos destacar é que os Yorùbá dão ao Ser Supremo vários nomes e que as Òrìṣà não vivem independentes do Ser Supremo. Ele é Seu criador.


O QUE É INTUIÇÃO ?


Em psicologia, intuição é um processo pelo qual os humanos passam, às vezes e involuntariamente, para chegar a uma conclusão sobre algo. Na intuição, o raciocínio que se usa para chegar a conclusão é puramente inconsciente, fato que faz muitos acreditarem que a intuição é um processo paranormal ou divino. Seu funcionamento e até mesmo sua existência são um enigma para a ciência. Apesar de já existirem muitas teorias sobre o assunto, nenhuma é dada ainda como definitiva. A intuição leva o sujeito a acreditar com determinação que algo podera acontecer.
Latim intus actionis = o dentro (ou íntimo) da ação. Significa saber ou ver o íntimo da ação.

A Intuição é mais forte que a Razão

Devemos sempre dominar a nossa impressão perante o que é presente e intuitivo. Tal impressão, comparada ao mero pensamento e ao mero conhecimento, é incomparavelmente mais forte; não devido à sua matéria e ao seu conteúdo, amiúde bastante limitados, mas à sua forma, ou seja, à sua clareza e ao seu imediatismo, que penetram na mente e perturbam a sua tranquilidade ou atrapalham os seus propósitos. Pois o que é presente e intuitivo, enquanto facilmente apreensível pelo olhar, faz efeito sempre de um só golpe e com todo o seu vigor.
Ao contrário, pensamentos e razões requerem tempo e tranquilidade para serem meditados parte por parte, logo, não se pode tê-los a todo o momento e integralmente diante de nós. Em virtude disso, deve-se notar que a visão de uma coisa agradável, à qual renunciamos pela ponderação, ainda nos atrai. Do mesmo modo, somos feridos por um juízo cuja inteira incompetência conhecemos; somos irritados por uma ofensa de carácter reconhecidamente desprezível; e, do mesmo modo, dez razões contra a existência de um perigo caem por terra perante a falsa aparência da sua presença real, e assim por diante.
Em tudo se faz valer a irracionalidade originária do nosso ser.

Classificação

A intuição pode ser dividida em 4 grupos. Esses grupos, na psicologia, não possuem termos oficiais para suas nomenclaturas e nem mesmo seguem à risca a definição de intuição, já apresentada acima.
  • Tipo 1: É o tipo de intuição que envolve um raciocínio simples, tão simples que passa depercebido pela mente consciente. Nós chegamos a uma conclusão, mas não percebemos que raciocinamos para obtê-la. Quando vemos um copo caindo, por exemplo, nós já sabemos que ele se quebrará, e isto sem precisar pensar conscientemente. É o que chamamos de "óbvio", elementar.
  • Tipo 2: É o tipo de intuição que vem da prática. Quanto mais se pratica alguma coisa, mais a mente passa a tarefa de raciocinar sobre o assunto que se está desenvolvendo do campo consciente para o campo inconsciente. Enxadristas considerados mestres, por exemplo, ao olharem para um tabuleiro logo sabem que jogada fazer, pensando muito pouco ou literalmente não pensando. Um outro exemplo é no aprendizado de novas línguas, o aluno tem de pensar muito para construir frases do idioma que está aprendendo enquanto o professor o faz naturalmente.
  • Tipo 3: É quando chegamos a uma conclusão de um problema complexo sem ter raciocinado. Popularmente, essa intuição se refere aos clichês "Como não pensei nisso antes?" e "Eureca!". Quando pessoas passam por esse fenômeno, elas não sabem explicar como raciocinaram para chegar ao resultado final, simplesmente falam que a resposta apareceu na mente deles.
  • Tipo 4: Intuição paranormal, é quando perdemos em pensamentos ou sonhamos com algo que de alguma forma tem ligação com algo que veio a acontecer depois, pode ser também de algo que já aconteceu ou que esteja acontecendo, mas de nenhuma forma você ficou sabendo antes de ter o respectivo pensamento ou o sonho. Esse tipo de intuição tem o nome de "Intuição Paranormal" por ser poucas pessoas que tem essa intuição ao contrário dos outros 3 tipos e por não existir explicação cintífica de como ela ocorre.

 Bergson

Intuição significa para Henri Bergson apreensão imediata da realidade por coincidência com o objeto. Em outras palavras, é a realidade sentida e compreendida absolutamente de modo direto, sem utilizar as ferramentas lógicas do entendimento: a análise e a tradução. Isto é, a intuição é uma forma de conhecimento que penetrar no interior do objeto de modo imediato sem o ato de analisar e traduzir. A análise é o recorte da realidade, mediação entre sujeito e objeto. A tradução, é a composição de símbolos linguisticos ou numéricos que, analogamente a primeira, também servem de mediadores. Ambas são meios falhos e artificiais de acesso a realidade. Somente a intuição pode garantir uma coincidência imediata com a realidade sem símbolos nem repartições.

 Einstein

"Não existe nenhum caminho lógico para a descoberta das leis do Universo - o único caminho é a intuição" - frase atribuída a Albert Einstein (1879-1955)

 "A cada momento da vida de um homem há uma só ação otimal, e esta é refletida como Eu a priori, porque é justamente o projeto formalizado ou sublimado pela pulsão ôntica. A intuição é precisamente a visão desse projeto."
 ""Confie nos seus pressentimentos. Eles normalmente são baseados em fatos arquivados abaixo do nível da consciência." (Dr. Joyce Brothers) "

Cquote1.svgA cada momento da vida de um homem há uma só ação otimal, e esta é refletida como Eu a priori, porque é justamente o projeto formalizado ou sublimado pela pulsão ôntica. A intuição é precisamente a visão desse projeto.
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